Uma nova medida antidumping adotada pelo governo federal poderá encarecer em até 20% o preço dos colchões no Brasil, segundo alerta da Abicol (Associação Brasileira da Indústria de Colchões). A resolução, publicada na última sexta-feira (4) no Diário Oficial da União, estabelece sobretaxas sobre as importações de polióis poliéteres da China e dos Estados Unidos por até cinco anos, afetando inclusive cargas já em trânsito ou em processo de desembaraço aduaneiro.
O poliol é insumo essencial na fabricação de espumas, respondendo por até 55% da composição do material e até 35% do custo final de um colchão. De acordo com a Abicol, mais da metade do poliol utilizado no país é importado, e a sobretaxa poderá impactar não apenas a indústria de colchões, mas também a de móveis estofados e assentos automotivos. A Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), no entanto, afirmou que ainda não avaliou os possíveis efeitos sobre o setor automotivo.
Segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), a medida visa combater práticas desleais de comércio, após investigação que identificou margens de dumping superiores a 100% nas importações de poliol. No Brasil, apenas uma empresa produz o insumo: a Dow, de capital estrangeiro. A Abicol questiona se a fabricante tem capacidade de suprir toda a demanda nacional e alerta para riscos de desabastecimento, perda de competitividade em regiões fronteiriças e fechamento de fábricas, afetando mais de 150 mil empregos diretos e indiretos.
O MDIC informou que, conforme portaria da Secex (Secretaria de Comércio Exterior), será aberta uma avaliação de interesse público para analisar os impactos econômicos da medida. O processo deve durar cerca de 70 dias e poderá resultar na suspensão, modulação ou revisão da tarifa antidumping, com decisão final da Camex (Câmara de Comércio Exterior). Enquanto isso, a Abicol segue articulando com o governo para reverter ou flexibilizar a decisão.