A indústria brasileira fechou outubro e entrou em novembro com um cenário dividido. A produção avançou e os estoques ficaram praticamente no nível planejado pelas empresas, mas o humor do setor mudou. A Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostra que o mercado de trabalho perdeu força e os empresários estão menos confiantes para os próximos meses.
O índice de produção marcou 51,5 pontos, sinal claro de crescimento — já que tudo acima de 50 indica avanço. A utilização da capacidade instalada também subiu para 71%, mas segue abaixo do que o setor tinha há um ano, quando estava em 74%. Do lado positivo, os estoques finalmente se aproximaram do nível ideal, reduzindo o risco de necessidade de cortes na produção ou promoções forçadas para limpar prateleiras.
O problema aparece no emprego. O índice que mede a evolução do número de trabalhadores caiu para 48,8 pontos, mostrando redução no quadro de funcionários. E o pessimismo continua: a expectativa de contratações recuou pelo quarto mês seguido. A razão é simples — a demanda está mais fraca. A expectativa de vendas para os próximos seis meses caiu para 51,3 pontos, o menor nível para um novembro desde 2016. Segundo a CNI, as empresas já antecipam um fim de ano com procura menor que o habitual.
Com esse cenário apertado, a indústria também reduziu o ritmo de compras de insumos, e o índice ficou estacionado nos 50 pontos, indicando estabilidade. As exportações seguem na mesma linha: expectativa em queda e abaixo dos 50 pontos, puxadas pela fraqueza da economia global e pelos altos custos logísticos. A única boa notícia veio da intenção de investir, que subiu para 55,2 pontos — ainda longe do patamar do fim de 2024, mas mostrando algum fôlego. No geral, a sondagem com 1.446 empresas mostra um setor que cresce, mas entra no último bimestre preocupado com 2026.

