'Sudati' produz compensados de madeira em quatro cidades do Paraná — Foto: Sudati/Divulgação


A imposição de tarifas de até 50% pelos Estados Unidos sobre produtos de madeira brasileiros já causa efeitos drásticos na indústria nacional. Empresas do Sul do país, altamente dependentes do mercado norte-americano, começaram a anunciar férias coletivas, suspensão de embarques e demissões. A BrasPine, em Santa Catarina, e a Sudati, no Paraná, são duas das primeiras a tomar medidas concretas diante do novo cenário.

A BrasPine, que destina 95% de sua produção de molduras de madeira aos EUA, suspendeu as operações após o cancelamento de contratos por parte dos importadores americanos. Apenas um setor, com 15 funcionários, seguirá operando. Em comunicado, a empresa afirma que aguarda uma solução diplomática entre os governos antes de retomar suas atividades. A situação reflete a dependência crítica de parte da indústria brasileira em relação ao mercado externo, especialmente norte-americano.

No Paraná, a Sudati anunciou o desligamento de colaboradores em duas de suas unidades de compensados de madeira. As demissões ocorrerão ao longo de 60 dias. A empresa justifica a decisão como necessária para manter o equilíbrio financeiro diante de uma demanda retraída e da incerteza quanto à aplicação das tarifas. A Sudati emprega cerca de 2,8 mil trabalhadores e exporta volumes expressivos de compensados, sendo os EUA um de seus principais destinos.

A crise vai além dessas empresas. Segundo a Abimci (Associação Brasileira da Indústria de Madeira Processada Mecanicamente), cerca de 180 mil empregos diretos estão em risco em todo o país. O setor exportou US$ 1,6 bilhão aos EUA apenas em 2024, e já contabiliza mais de 2.500 contêineres de produtos parados, entre embarques suspensos e cargas em trânsito marítimo. A associação pede atuação urgente do governo federal para evitar colapso na cadeia produtiva.

Com mais de 90% da produção concentrada no Sul do país, a indústria madeireira brasileira se vê em um momento decisivo. Lideranças empresariais e entidades do setor apelam por diálogo diplomático e por medidas de mitigação que preservem empregos, contratos e a estabilidade das exportações. O tarifaço, se mantido, pode desencadear uma onda de paralisações e prejuízos em larga escala nos próximos meses.

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