O decreto assinado em 30 de julho pelo governo dos Estados Unidos, que oficializa uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros a partir de 7 de agosto, já causa impactos diretos na indústria química nacional. Segundo a Abiquim (Associação Brasileira da Indústria Química), empresas do setor começaram a relatar cancelamentos de pedidos por parte de clientes americanos. Embora o decreto tenha incluído cerca de 700 produtos entre as exceções à nova alíquota, a maioria das mercadorias exportadas pela indústria química brasileira ficou de fora da lista.
Em 2024, o Brasil exportou US$ 2,4 bilhões em produtos químicos para os EUA. No entanto, 82% desse valor esteve concentrado em apenas 50 códigos da Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM), entre eles petroquímicos básicos, intermediários orgânicos e resinas termoplásticas. Apenas cinco desses itens foram poupados da nova sobretaxa, representando US$ 697 milhões em exportações. Os demais US$ 1,7 bilhão em produtos serão submetidos à tarifa adicional de 40%, totalizando uma alíquota final de 50%.
A Abiquim afirma que os Estados Unidos mantêm um superavit anual de aproximadamente US$ 8 bilhões com o Brasil no setor químico, e defende uma atuação urgente do governo brasileiro. A entidade pede uma resposta coordenada por meio de diálogo diplomático e medidas comerciais com os EUA, apoiando as ações do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços. Junto ao American Chemistry Council, a associação já entregou uma declaração conjunta às autoridades de ambos os países, solicitando providências para preservar as cadeias de suprimento integradas.
Entre as medidas emergenciais propostas pela Abiquim estão a aplicação de direitos antidumping provisórios, reforço dos recursos humanos e tecnológicos para controle de desvios comerciais, devolução imediata de saldos credores de ICMS, criação de novas linhas de financiamento à exportação e ampliação do programa Reintegra. A entidade alerta que, sem ações rápidas, os prejuízos podem comprometer o desempenho do setor químico brasileiro nos próximos meses.