Os lucros das empresas industriais da China recuaram 5,5% em outubro na comparação anual, segundo dados oficiais divulgados na quinta (27). É a pior queda desde junho e reverte totalmente o salto registrado em setembro, quando o indicador havia disparado 21,6%. O tombo mostra que a indústria chinesa segue pressionada por tensões comerciais, excesso de oferta e um mercado doméstico cada vez mais fraco.

No acumulado dos dez primeiros meses do ano, os lucros cresceram apenas 1,9%, ritmo menor que os 3,2% observados até setembro. O mês de outubro foi particularmente turbulento para o país: Washington apertou controles de exportação e Donald Trump chegou a ameaçar tarifas de até 100% sobre produtos chineses antes de um acordo temporário assinado na Coreia do Sul. O PMI industrial também caiu para 49 pontos — mínimo de seis meses — indicando nova contração do setor.

Mesmo com algum alívio após o pacto entre Trump e Xi Jinping, a indústria chinesa ainda enfrenta incertezas externas e uma demanda interna que não reage. Para completar, a China anunciou que vai banir importações de frutos do mar japoneses em meio a um atrito diplomático envolvendo Taiwan, ampliando o clima de instabilidade no comércio global. No campo doméstico, os preços ao consumidor subiram 0,2% em outubro, saindo do terreno negativo, e o núcleo da inflação avançou 1,2%, maior nível em oito meses.

Mas esse número não empolga analistas. Segundo Ting Lu, economista-chefe do Nomura, boa parte do avanço veio da disparada no preço do ouro, e não de consumo real. Ele afirma que os aluguéis foram subestimados e que a China vive uma “recessão moderada” desde o fim de 2022. Na visão do economista, o país ainda levará tempo para superar o cenário deflacionário, agravado pelo crescimento econômico fraco desde meados de 2025.

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