A indústria brasileira encerrou novembro em marcha lenta. Dados divulgados pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostram uma queda acentuada na produção, com o índice recuando 7,1 pontos e fechando em 44,4. O número de empregados também diminuiu: o indicador caiu para 47,6 pontos, confirmando redução no quadro de trabalhadores entre outubro e novembro. Embora a desaceleração no fim do ano seja comum, desta vez o tombo foi mais pesado.

Segundo a CNI, o principal vilão é conhecido: juros altos. O crédito caro trava investimentos, esfria o consumo e reduz a demanda por produtos industriais. Com a economia andando mais devagar, as empresas pisam no freio. O resultado é menos produção, menos contratações e mais cautela nas decisões para os próximos meses.

Outro sinal preocupante vem da capacidade instalada. A utilização das fábricas caiu para 70%, o menor nível para novembro desde 2019. Ao mesmo tempo, os estoques cresceram acima do planejado, com o índice chegando a 50,7 pontos. Na prática, isso significa produto parado no pátio e dificuldade para vender, reforçando a percepção de demanda fraca.

O clima também é de pessimismo moderado para o futuro. As expectativas de demanda, emprego e compra de insumos recuaram e rondam ou ficam abaixo da linha de 50 pontos, indicando estagnação ou queda. As exportações até tiveram leve melhora no indicador, mas continuam no campo negativo. A sondagem ouviu mais de 1,4 mil empresas entre os dias 1º e 10 de dezembro e deixa um recado claro: sem alívio nos juros e sem retomada do consumo, a indústria deve continuar patinando em 2026.

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