O empresário industrial do Nordeste é o que mais sente os impactos negativos da carga e da complexidade tributária no Brasil. É o que revela a pesquisa Sustentabilidade & Indústria, divulgada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), com dados coletados entre 15 de maio e 17 de junho de 2025. O levantamento, realizado pelo Instituto Nexus, ouviu mil empresas de todos os portes e regiões do país.
Cerca de 55% dos industriais nordestinos apontaram a bitributação e o sistema tributário complexo como principais entraves à competitividade. O índice supera os registrados no Sudeste (45%), Sul (43%) e Norte/Centro-Oeste (33%), além da média nacional. “Todos os fatores apresentados na pesquisa estão ligados ao valor do Custo Brasil, estimado em R$ 1,7 trilhão por ano, o que equivale a 20% do PIB brasileiro”, afirmou Ricardo Alban, presidente da CNI.
O chamado Custo Brasil representa obstáculos estruturais, legais e burocráticos que encarecem a produção e travam investimentos. De acordo com o episódio 42 da série Indústria de A a Z, publicada pela CNI, esses custos não são gerados dentro das fábricas, mas sim pelo ambiente externo, o que prejudica diretamente a produtividade e a geração de empregos. Entre os fatores mais críticos estão a burocracia, ineficiências logísticas, insegurança jurídica e dificuldade de acesso ao crédito.
Apesar do cenário desafiador, o Nordeste se destaca no campo da sustentabilidade industrial. Seis em cada dez empresas da região já investem em fontes renováveis de energia, como solar, eólica e biomassa — o maior percentual do país. A vocação energética de estados como Bahia, Ceará, Piauí e Rio Grande do Norte tem sido decisiva. Além disso, 77% dos empresários demonstraram interesse em acessar crédito verde, número acima da média nacional (66%).
O tema do Custo Brasil voltou ao debate público durante o evento Diálogos sobre a Competitividade, realizado pela CNI em Brasília. Para o vice-presidente da entidade, Léo de Castro, enfrentar esses custos é essencial para baratear os produtos e tornar o país mais competitivo. “Ele não só onera quem produz, como gera um custo adicional repassado à população”, alertou. Segundo a CNI, uma empresa brasileira pode gastar até cinco vezes mais tempo com burocracia tributária do que uma companhia da OCDE, o que compromete o desempenho da indústria nacional no mercado global.